Reportagem: Cristiano Pavini / Dados de 2019
A cada cinco horas, um veículo “desapareceu” em Ribeirão Preto em 2019. De dezembro a janeiro, foram registrados 1.695 furtos. Nove em cada dez crimes ocorreram em ruas, avenidas ou estacionamentos públicos.
O levantamento foi feito pelo Farolete com base em dados do Portal de Transparência da Secretaria de Segurança Pública (SSP).
Analisamos todos os registros de ocorrência disponibilizados pelo governo estadual, e localizamos 1.566 furtos de veículos estacionados em locais públicos.
Desse montante, identificamos 1.483 registros com o local, exato ou aproximado, do crime: rua, bairro e, até, coordenadas de latitude e longitude, inseridas pelo sistema de georreferenciamento da SSP.
Com isso, traçamos um perfil completo de onde seu veículo mais corre perigo. Produzimos infográficos, listas e, até, um mapa interativo com todos os crimes identificados, para você ficar atento quando estacionar.
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Nossa análise revelou um empate entre as ruas campeãs: tanto a avenida Capitão Salomão quanto a Leão XIII tiveram 21 ocorrências no ano passado. Ou seja: em ambas, um veículo levado, em média, a cada 17 dias.
Na Capitão Salomão os furtos se concentraram na altura do Senai e do Morro São Bento (palco rotineiro de eventos). Já na Leão XIII os bandidos miraram os trechos próximos a Unaerp e no final da via (local com vários condomínios residenciais).
O top 7 de vias públicas mais visadas pelos criminosos ano passado inclui a Avenida Maria de Jesus Condeixa (15 furtos), Rua Bernardino de Campos (13), Antônio Fernandes Figuerôa (13), Avenida Braz Olaia Costa (13) e Avenida Brasil (12).
A localização de cada furto está disponível a seguir, no mapa interativo. Também elaboramos uma tabela com consulta por nome de cada rua, está no final da reportagem.
Entre os bairros, o Campos Elíseos ganha disparado. Foram levados 171 veículos por criminosos em vias públicas no ano passado. Ou seja: um crime a cada dois dias.
Em seguida vem o Centro (114), Jardim Paulista (72), Ribeirânia (60), Vila Tibério (46), Vila Virgínia (43) e Jardim América (42).
Navegue, agora, no mapeamento dos 1.483 furtos que identificamos no ano passado. Mas antes, atenção:
– Foram listados apenas veículos estacionados em ruas, avenidas ou estacionamentos públicos. Não incluem crimes praticados em estabelecimentos privados ou dentro de residências.
– O mapa lista os locais. Assim, se dois ou mais crimes foram praticamos exatamente no mesmo endereço, serão contabilizados em apenas um registro. Por exemplo: foram registrados 8 veículos furtados na Avenida Capitão Salomão, exatamente em frente ao número 1813. No mapa, apenas um deles aparecerá.
– A visualização e interação fica melhor em computadores.
– Clique nas bolinhas para acessar os dados da ocorrência
Apesar de registrar um furto de veículos a cada cinco horas, 2019 foi o segundo ano com o menor número de ocorrências da década, atrás apenas de 2017.
Os dados são oficiais, divulgados pela Secretaria de Segurança Pública.
A queda ocorre, principalmente, a partir de 2014, quando foi aprovada em São Paulo a Lei nº 15.276/14, conhecida como Lei de Desmonte, que endureceu as regras e fiscalizações nos locais de desmanche de veículos.
Quer saber quantos veículos estacionados na rua em que você trabalha, mora ou frequenta foram furtados em 2019? Consulte na tabela interativa abaixo. Você pode pesquisar pelo nome do endereço.
Obtivemos os dados mensais de furtos de veículos registrados nas cidades da Delegacia Secccional de Ribeirão Preto no Portal de Transparência da SSP.
Agregamos os meses, filtramos apenas o município de Ribeirão Preto, excluímos os dados duplicados (pois um mesmo crime poderia originar mais de um boletim de ocorrência, como no caso da localização do veículo posteriormente) e consideramos apenas o boletim de ocorrência principal, descartando os complementares.
Para padronizar os nomes dos logradouros (por exemplo: a mesma rua poderia ser grafada como Capitão Salomão, Cap. Salomão, C. Salomão), utilizamos a ferramenta Open Refine.
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Das 5.570 cidades brasileiras, apenas três não possuem um Plano Municipal de Educação (PME): Ribeirão Preto, Iaras e Vargem, todas paulistas. Sem o documento aprovado na forma de lei, algo obrigatório desde 2016, esses municípios são barrados para recursos milionários do Ministério da Educação (MEC).
O PME planeja as políticas públicas municipais para o ensino pelos próximos dez anos, estipulando gastos, indicadores, metas e ações. Ele é uma exigência do Plano Nacional de Educação, que vigora no país desde 2014.
Ribeirão Preto foi vanguarda ao iniciar suas discussões em 2007, mas as gestões Dárcy Vera (2009-2016) e Duarte Nogueira (2017-atual) foram incapazes de chegar a um consenso entre Executivo, Legislativo e sociedade. Assim, um PNE nunca chegou a ser transformado em lei, algo que outras 5.567 prefeituras tiveram êxito.
“Além de ser dever legal desde 2016, o PME é fundamental para dar um norte que vá além da visão imediatista do secretário ou prefeito de plantão. Sem planejamento de longo prazo, não há qualidade de gestão”, resume José Marcelino de Rezende Pinto, professor da USP-RP e ex-presidente da Associação Nacional de Pesquisa em Financiamento da Educação (leia entrevista no final da reportagem).
Por não ter PME, Ribeirão Preto está proibido de pleitear recursos do PAR (Plano de Ações Articuladas), um programa do MEC para financiar, com verbas suplementares, ações de melhoria na educação. A informação foi confirmada ao Farolete pelo Governo Federal, por meio da Lei de Acesso à Informação.
No ano passado, o MEC repassou R$ 760 milhões para municípios brasileiros que cadastraram projetos no âmbito do PAR, sendo 60 do estado de São Paulo. A capital paulista recebeu R$ 3,5 milhões.
A minúscula Ubirajara, com menos de 5 mil habitantes, ficou com R$ 642 mil.
Os dados foram analisados pelo Farolete na plataforma de execução orçamentária do MEC. O Governo Federal informou, em resposta à Lei de Acesso, não ser possível estipular quanto Ribeirão Preto já deixou de receber, pois as verbas são definidas de acordo com os projetos cadastrados.
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